Orixá Yemanjá e a história da Casa de Yemanjá em Salvador!

Orixá Yemanjá e a história da Casa de Yemanjá em Salvador!

Você conhece a Casa de Yemanjá no Rio Vermelho?

Acredito que você já veio aqui no Rio Vermelho e viu, mesmo que de longe, a Casa de Yemanjá! Deve inclusive já ter participado da Festa que acontece no dia 2 de fevereiro. Mas poucas pessoas pararam pra perguntar por que Yemanjá sendo uma Orixá africana é branca?

Imagem mais poular de Yemanjá

Bom, para explicar precisamos primeiro entender que o culto à Deusa das Águas, com festas e presentes, se originou com os pescadores. E inicialmente essas festas aconteciam em frente à Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat, na Ponta do Humaitá. 

Segundo Jorge Amado em seu livro Mar Morto:

"Mesmo marinheiros que viajam por mares longínquos, em paquetes enormes, vêm casar na Igreja de Monte Serrat, que é a igreja deles, trepada no morro, dominando o mar."

Livro Mar Morto
Jorge Amado



Existem relatos dizendo que no dia posterior à festa na Ponta do Humaitá, meninos iam para os arrecifes, os corais, coletar de tudo um pouco. Pentes, espelhos, bordados, tecidos e cartas. Essas cartas é o que nos faz compreender a relação dos pescadores com a Mãe D’Água e não necessariamente com Yemanjá e muito menos com relação ao Candomblé.

De acordo com o historiador Edson Carneiro:

“O rabo de peixe, os olhos verdes, os cabelos compridos, as canções irresistíveis de amor, toda as concepções europeias da sereia estão em desacordo com Yemanjá. Sob este nome, nas festas públicas não se cultua uma deusa africana da nação nagô. Cultua-se uma divindade brasileira das águas, fruto do sincretismo das concepções nagô, ameríndia e europeia dos deuses aquáticos. E, na verdade, a influência maior é a da Loreley dos brancos, que nada mais perdeu do que o nome”.

Édson Carneiro


Aqui no Rio Vermelho já existia na mesma época um lugar chamado Casa do Peso, onde os pescadores locais vendiam seus peixes. Inclusive, há relatos de que no dia de Yemanjá, eles saiam em procissão daqui até a Ponta do Humaitá. Mas aconteceu que num determinado tempo houve uma escassez muito gramde de peixes e eles não sabiam mais o que fazer.

Conta a lenda que apareceu uma mulher misteriosa e disse para eles entregarem um presente para a Mãe das Águas. Eles assim o fizeram e os peixes voltaram. Isso fez com que todos os anos realizassem o mesmo ritual e surgiu a tradição.

Aqui do lado existe a Igreja de Nossa Senhora de Santana e os pescadores aproveitavam a festa da santa para fazer a festa pra Mãe das Águas também, mas houve um desentendimento entre o padre e os pescadores e eles decidiram separar as festas.

Igreja de Nossa Senhora de Santana

De acordo com Pierre Verger, a data escolhida para dois de fevereiro tem relação com Nossa Senhora das Candeias, que pelo sincretismo é Oxum, Orixá das águas doces e filha de Yemanjá. À meia noite entre os dias primeiro e dois  de fevereiro, o Babalorixá responsável pela Casa de Yemanjá, entrega um presente para Oxum, no Dique do Tororó, aquela lagoa com os Orixás no meio. Eles permanecem por lá durante toda a noite festejando e de manhã vem todos para cá entregar um presente para a Mãe das Águas.

Pierre Verger

A Festa de Yemanjá já é considerada Patrimônio Cultural de Salvador e é a única divindade do panteão das religiões africanas que tem seu dia reservado no calendário oficial.

A Casa de Yemanjá é um local que merece ser visitado. 

Aproveite para conversar com os pescadores!

Eu sou Alexandre Gonzalez e te convido para vir comigo conhecer os pontos turísticos de Salvador e suas histórias.

Assita o vídeo



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